Estar só me causou um vazio inicialmente interessante, que tratei logo de preencher com compromissos, cinemas, livros, papos, passeios e tudo mais que se costuma fazer quando se sente minimamente livre, seja pela ausência ou partida de um amor ou por um rompimento mesmo.
Mas conforme o tempo foi passando comecei a me sentir inevitavelmente mais perto de uma figura que fugi por muito tempo: eu mesma. Porque de certa forma o vício que tinha em me apaixonar por uma ou várias pessoas por uma ou várias vezes me afastou do que se pode chamar de amor-próprio. De repente percebi que buscava todas as respostas e os estímulos no outro, a ponto de achar que minha vida só teria sentido se eu estivesse com o outro.
Esse sentimento de “nós” é muito próprio da mulher. Não vejo meus amigos homens nem os gays, por exemplo, sofrendo por esta entrega unilateral, quando o ‘um’ do casal passa a viver o ‘dois’ o tempo todo e se esquece de quem é, do que gosta de fazer e até por quem se apaixonou. Porque aos poucos vamos nos tornando a outra pessoa e sem perceber perdemos o interesse em nós, em nossa vida, e assim muitos relacionamentos acabam: porque um ou o outro não foi capaz de se preservar.
Neste ponto acho que os homens são mais ”‘individualistas”, mas no melhor sentido da palavra, porque mesmo amando profundamente nunca deixam de gostar de seu video-game, do seu futebol, da sua cerveja com os amigos ou de simplesmente de tomar um banho e fazer a barba sem pensar no que seu amor está fazendo naquele momento.
É engraçado pensar em tudo isso e perceber que somos todos tão parecidos... até mesmo quando achamos que somos diferentes.
Hoje estou num espaço entre o eu e o outro, que não está mais ali, e que me causa um estranhamento não pela ausência do outro, mas pela minha presença neste espaço que não era meu. Ou pelo menos que eu julgava que não era.
Porque, em verdade, somos tão livre quando escolhermos ser sim! E isso não é discurso, é um sentimento sutil e dolorido de uma mulher que se julgava moderna e livre o suficiente para amar e descobriu que quase se tornou uma velha-ranzinza-gorda-e-chata porque se acomodou no título de “namorada estável”, e deixou-se perder pelo caminho.
Por sorte a vida tem dessas surpresas e as vezes uma situação dessas pode ser resolvida de uma forma inusitada e fantástica. Não importa o quanto doa ou o rumo que as coisas vão tomar daqui pra frente. Se enxergar sem culpas, sem medos e sem julgamentos não tem preço!
Por isso eu digo a vocês: vale a pena mexer no que está estabelecido sim e no que está acomodado principalmente! Porque o movimento é a única estabilidade que mantêm o universo vivo. Não há vida sem movimento, portanto não há vida na estagnação.
Por isso estou aqui, dançando com as palavras, para manter o movimento e continuar viva!
Namastê!
Dani Ferrari
Dani, que lindo o que você escreveu aqui... eu concordo tanto com você e ao mesmo me vejo tão longe da sua ação. Conhecendo aos poucos cada nó frouxo em mim, mas ainda sem forças para apertá-los, vazia, perdida, ainda esperando uma coisa que talvez só eu queira. Me movendo, mas ainda circundando o que não quero abandonar, presa por decisão propria. Tristemente consciente.
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